PDF para imprimir
Sampa: O Encontro de Caetano com a Metrópole
A canção Sampa é um marco cultural que retrata as primeiras impressões e reflexões de quem chega a São Paulo. Criada e interpretada por Caetano Veloso, é mais do que uma homenagem: é um retrato poético das contradições e belezas da maior metrópole do Brasil.
A letra começa com a icônica menção ao cruzamento da Ipiranga com a São João, simbolizando o impacto emocional e o choque cultural que São Paulo provoca. Termos como a dura poesia concreta de suas esquinas e a deselegância discreta de suas meninas capturam a essência crua e encantadora da cidade.
Ao longo da música, Caetano também reflete sobre a transformação pessoal que São Paulo traz. Ele menciona Rita Lee e os Mutantes, evocando o cenário musical e cultural das décadas de 60 e 70, profundamente ligado à capital paulista.
Além disso, a canção aborda questões sociais e urbanas, como as desigualdades expressas nas filas, nas vilas, favelas e o impacto do dinheiro que ergue e destrói coisas belas. Ao mesmo tempo, exalta a resistência cultural e a criatividade da cidade, referindo-se a ideais de liberdade e diversidade, como o novo Quilombo de Zumbi e as pan-américas de áfricas utópicas.
Sampa não é apenas uma música: é um espelho da alma paulistana, que revela tanto sua complexidade quanto sua riqueza cultural e humana.
Agora é sua vez de se conectar com a poesia de Caetano Veloso. Complete as lacunas da letra de Sampa e sinta o impacto dessa obra-prima:
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu ________ por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando ________ a Ipiranga e a avenida São João
Quando eu te ________ frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente ________ o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasta o que não ________
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende ________ a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e _______ coisas belas
Da feia ________ que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos ________ passeiam na tua garoa
E novos baianos te ________ curtir numa boa
***