Sim! No Brasil, a pronúncia de «O que é que…» como «quiqui» acontece por um fenômeno chamado redução e coalescência vocálica, muito comum na fala coloquial.
Esse tipo de redução ocorre em diversas construções do português brasileiro. É um exemplo de como a fala cotidiana tende a simplificar estruturas para torná-las mais rápidas e naturais.
Para perceber isso, na prática, escute músicas brasileiras e preste atenção quando os cantores usam essa construção. Você já identificou esse som em alguma canção?
Farofa-fá, Sérgio Brito – letra
Comprei um quilo de farinha
Pra fazer farofa
Pra fazer farofa
Pra fazer farofa-fá
Comprei um quilo de farinha
Pra fazer farofa
Pra fazer farofa
Pra fazer farofa-fá
Comprei um pé de porco (farofa-fá)
E orelha de porco (farofa-fa)
Pus tudo isto no fogo (farofa-fá)
E remexi direito (farofa-fá)
Com a fome de um lobo (farofa-fá)
Eu calcei o meu peito (farofa-fa)
E o que tem?
Fa-faro-faro-faro
Fa-faro-faro-faro
Faro-faro-faro-fa-fa
Que é que tem?
Fa-faro-faro-faro
Faro-faro-faro
Faro-faro-faro-fa-fa
Farinha de mandioca (farofa-fa)
Pimenta malagueta (farofa-fa)
Eu gosto de farofa (farofa-fa)
Como e não faço careta (farofa-fa)
Mas sou forte como um touro (farofa-fa)
Da cabeça inteligente (farofa-fa)
Só não mastigo tijolo (farofa-fa)
Porque me estraga os dentes (farofa-fa)
E o que é que tem?
Fa-faro-faro-faro
Faro-faro-faro
Faro-faro-faro-fa-fa
Fa-faro-faro-faro
Faro-faro-faro
Faro-faro-faro-fa-fa
Que é que tem, então?
Fa-faro-faro-faro
Faro-faro-faro
Faro-faro-faro-fa-fa
Que é que tem?
Fa-faro-faro-faro
Faro-faro-faro
Faro-faro-faro-fa-fa
Que é que tem, então?
Fa-faro-faro-faro
Faro-faro-faro
Faro-faro-faro-fa-fa