Palavras indígenas, religiosas e aristocráticas que formam o português brasileiro
Você sabia que o português falado no Brasil tem uma identidade única, moldada por diferentes culturas, histórias e povos? É verdade. E uma forma muito clara de observar isso é olhando os nomes de cidades, bairros, estados e rios do país.
A história da Língua Portuguesa no Brasil começa oficialmente no dia 2 de abril de 1500, com a chegada dos portugueses. Mas só muito tempo depois — em 1759, durante o governo do Marquês de Pombal — o português foi declarado a língua oficial da colônia, substituindo as línguas indígenas e o famoso “língua geral” (um tupi misturado com português, falado por boa parte da população).
Ou seja, quando o português se tornou oficial, ele já tinha mudado muito. Já era um idioma vivo, falado no dia a dia de uma terra onde se encontraram povos indígenas, europeus e africanos.
A língua que se vê no mapa
Os nomes dos lugares no Brasil são um verdadeiro mapa linguístico da nossa história. De norte a sul, encontramos nomes que revelam as influências que ajudaram a construir o país e sua forma de falar português.
🔸 Palavras de origem indígena
Mais de 70% dos nomes de rios, cidades e estados no Brasil vêm de línguas indígenas. Essas palavras continuam vivas no vocabulário do dia a dia, especialmente no interior. Exemplos:
Tocantins: do tupi, significa “bico de tucano” (tokan + tim).
Piauí: do tupi, «rio dos peixes».
Tatuapé: em São Paulo, significa “caminho do tatu”.
Anhanguera: “diabo velho” ou “espírito do mal”, nome dado pelos indígenas ao bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva. Ele havia ateado fogo em um pouco de aguardente para amedrontar os indígenas.
Essas palavras mantêm estruturas fonéticas e sonoridades indígenas que continuam desafiando estudantes estrangeiros — especialmente a nasalização e a combinação de consoantes.
🔸Palavras de origem católica
A religião católica, trazida pelos portugueses, também deixou sua marca em muitos nomes de cidades:
São Paulo, São Bernardo, Salvador, Santa Maria…
Esses nomes fazem parte da tradição de nomear lugares em homenagem a santos e figuras religiosas, prática comum na colonização ibérica.
🔸Palavras aristocráticas e imperiais
Durante o período do Império, muitas cidades e bairros receberam nomes que homenageavam nobres e figuras da elite:
Barão do Rio Branco, Petrópolis (“cidade de Pedro”), Teresópolis (“cidade de Teresa”)…
Essa toponímia reflete o desejo de imitar a corte europeia e marcar a presença de uma classe social dominante.
E as palavras africanas?
Infelizmente, os nomes de origem africana não aparecem tanto na geografia oficial do Brasil. Mas a influência dos povos africanos é profunda no vocabulário da vida cotidiana:
- caçula (filho mais novo)
- moleque (menino, garoto)
- quitanda (mercado de rua)
- fubá, dendê, samba, axé..
Essa riqueza é essencial para compreender o português como ele é realmente falado: diverso, criativo e cheio de histórias.
Por que isso importa para quem aprende português?
Porque o idioma não é somente uma lista de regras e palavras. O idioma é história, é cultura, é geografia. Quando você entende o que está por trás das palavras, você aprende mais rápido, com mais sentido — e se conecta de forma verdadeira com os falantes nativos.
Além disso, esse tipo de vocabulário aparece com frequência em conversas informais, em notícias, músicas e até na hora de pedir um Uber em uma cidade brasileira.
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No próximo sábado, às 11h (GMT-3), vamos conversar sobre esse tema:
As palavras indígenas, religiosas e aristocráticas no português do Brasil.
Se você já tem um nível intermediário de português e quer melhorar sua compreensão oral, vocabulário e fluência, venha praticar com a gente!
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Um espaço leve, com pessoas que também estão aprendendo português e querem usar a língua no mundo real. Porque aprender uma nova língua é muito mais do que estudar. É praticar.

Soy Cássia, profesora de portugués de Brasil. He creado la Comunidad Tagarelar con el objetivo de que todos puedan aprender portugués desde cualquier parte del mundo, adaptando sus horarios de estudio a sus posibilidades.
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